Uma garrafa trincando de uma bebida que desce fácil é tudo o que você quer em uma cerveja, não é? Mas não é isso que queremos quando falamos das artesanais americanas, a referencia é um universo de sabor que passa longe das hipersuaves – para não dizer aguadas – marcas da terra do Tio Sam que primeiro aportam no Brasil.

Os produtos da nova escala americana são conhecidas também como “cervejas extremas” – o que da já dá uma ideia da paulada de intensidade de sabor e teor alcoólico de alguns desses rótulos. Não é por acaso, elas são as mais faladas pelos consumidores  de cervejas especiais.

Para entender melhor: Em todo segmento quando se trata de sabor, é comum gostar primeiro daqueles mais fáceis e depois, conforme a paixão e o conhecimento do produto evolui, desenvolve-se também o paladar, que dá espaço para sabores mais complexos. É assim com o chocolate ao leite, para depois gostar do amargo, com a vodka, para depois partir para o Gim, e claro com a cerveja Pilsen padrão (aquela estupidamente gelada do boteco do Zé), que depois vai abrir alas para as artesanais.

A REVOLUÇÃO CERVEJEIRA

A revolução das cervejas americanas aconteceu de forma rápida e intensa, bem diferente do que aconteceu no mercado europeu, que há séculos produz diferentes tipos de cervejas especiais que seguem receitas tradicionais e que com o passar do tempo, calmamente experimentando criar coisas novas. Esses mesmos rótulos europeus eram, há até algum tempo, a única opção para os americanos que queriam beber algo diferente da Budweiser nossa de cada dia.

Mas alguns gringos foram além e resolveram produzir cervejas em esquema quase que caseiro. Pegaram modelos consagrados europeus, como as Belgian Ales e as India Pale Ales, e fizeram versões próprias, adicionando lúpulo sem dó (Lúpulo é o ingrediente que deixa a sua cerveja amarga) e alguns ingredientes locais, que potencializaram os sabores e inovaram os processos de fabricação. O resultado foram cervejas particulares e diferentes das encontradas em qualquer lugar no mundo.

Surgiram no mercado rótulos como Schlafly Pumpkin Ale, feita com abóbora, de sabor bem forte e picante, e a Breackfest Stout, que tem itens de “café da manhã” na formula (chocolate, café e aveia) e um rotulo de uma criança comendo um mingau. Os rótulos das cervejas artesanais americanas são uma atração à parte, com estampas muito além dos costumeiros brasões medievais.

Com o mercado em alta, micro cervejarias passaram a se empenhar em criar “tipicidade” para os seus diferentes produtos – algo como o conceito de Terroir os vinhos. Além da presença forte do amargor, muitas vezes garantida pelo lúpulo cultivado nos EUA (que garante o IBU, índice que mede o amargor da cerveja), e das formulas com ingredientes inusitados, as novidades incluem também cervejas envelhecidas em barris de carvalho, elaboradas com a ajuda de produtos de vinhos.

Os americanos ficaram malucos com tanta opção que para você ter noção antes existiam menos de 40 micro cervejarias, hoje existem amis de 1.700 espalhadas nos EUA.

Atualmente, apenas cinco rótulos da nova escola americana são vendidos no Brasil. Ao contrario dos europeus, que produzem visando a venda fora de suas fronteiras, as micro cervejarias americanas têm produções pequenas, totalmente absolvidas pelo mercado interno. Como não dependem da exportação, os gringos exigem condições muito favoráveis na hora  de mandar suas garrafas para fora – bem diferente da realidade dos conteiners que emperram por meses em burocracias alfandegárias no porto de Santos.

As micro cervejarias americanas são mais que um negocio, são um estilo de vida. A cerveja feita com características locais é uma rejeição a “Mcdonização” do mundo, além disso, cervejas não pasteurizadas requerem mais cuidado na importação como proteção do sol, enfim ninguém entra nessa para ficar “rico”.

 

 Créditos: MyMag

 

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