Degustamos: Wäls Petroleum

“Eu não faço cerveja, faço arte”. A frase dita por José Felipe, um dos donos da mineira Wäls, pode parecer um pouco presunçosa e arrogante a primeira vista, mas é a mais pura verdade, e a Petroleum comprovou isso de forma assombrosa.
Sem entrar em méritos de Cesar, a Petroleum é uma versão industrial vinda de uma receita de panela, elaborada pela paranaense Dum. Realmente faz jus ao slogan “Uma grande descoberta” agradando da apresentação, que é simplesmente fantástica, a degustação.

Reza a lenda que o estilo Russian Imperial Stout surgiu de uma necessidade, assim como as IPAS: o armazenamento em viagens. Segundo a história, a corte da imperatriz russa Catarina II “A grande” (por volta de 1761) sempre que ia a Londres, na Inglaterra, degustavam muitos barris das cervejas Stouts da região e levavam alguns barris para Catarina (que não se chamava Catarina, e sim Sofia), o problema era que durante o trajeto de volta para a russia, grande parte da cerveja era perdida devido as más condições de higiene, bactérias entre outros motivos. A solução foi elevar as doses de lúpulo (que como já disse em outros posts é um agente bacteriostático e conservante natural) e malte (no caso o torrado), que aumentou o amargor e sua graduação alcóolica. Perfeita para o frio, a imperatriz russa adorou a cerveja e assim, historicamente, estava criado o estilo Russian Imperial Stout.

Vamos à análise propriamente dita

APARÊNCIA
Não tem jeito, o que mais chama a atenção logo de cara é a sua apresentação. Com uma garrafa arrolhada e uma cerveja de cor de piche nada translucida (parece óleo queimado), o que por si só já desperta a curiosidade. Do estouro da rolha até o liquido denso que sai da garrafa, seguido de um colarinho marrom avermelhado que gruda no copo. É de fato uma cerveja de presença. Só não levou nota máxima devido a duração de seu colarinho, que é médio.
PS: Eu bato tanto na tecla do colarinho por um motivo, o colarinho é vital à cerveja, pois se torna uma barreira contra oxidação e ajuda a manter a temperatura da cerveja estável, sem perdas ao ambiente muito drástica.

SABOR
Toques de café torrado, chocolate amargo (amargo mesmo, uns 80% de cacau), fazem parte da composição de sabores dessa RIS. Um amargor do lúpulo presente que se mistura as sensações de café torrado e chocolate amargo e um retrogosto que é surpreendente, como se você tivesse comigo algo sólido, de tão presente que se encontra.
Como expliquei no primeiro review para o etílicos.com, o conceito de drinkability se baseia em “O quão provável é você comprar a mesma bebida em outro momento”, ou seja, trocando em miúdos, é a sua aceitação de mercado. Hoje o Brasil está vivendo um boom de microcervejarias e rótulos a disposição do consumidor, o que aos poucos está fazendo o conceito de drinkability ganhar notas um pouco mais apuradas. Talvez pelo seu amargor e sua graduação alcóolica a Wäls Petroleum há alguns anos atrás não tivesse um drinkability tão alto, porém isso hoje é diferente, uma vez estando ocorrendo esse “boom” cervejeiro, em minha humilde e não tão modesta opinião a Petroleum carrega um dos mais altos drinkabilitys na carta de rótulos brasileiros disponíveis no mercado.

AROMA
É facilmente notado os aromas de café e chocolate (devido ao malte), baunilha e tons amadeirados,  o que por si só já é muito agradável. Me lembrou um pouco aquele café passado na hora quando você acorda pela manhã. Aroma que fica na sua boca após a degustação, o que te dá ainda mais vontade de beber outra vez. Aromas de lúpulo é bem presente, mas não tão característico devido ao mascaramento do malte que dá o aroma de chocolate.

SENSAÇÃO
Apesar da foto acima mostrar bastante bolinhas, a sua carbonatação é média pra baixa, o que não torna a Wäls Petroleum tão refrescante, e nem é essa a ideia pois o estilo foi criado para o inverno russo. Uma cerveja seca que não amarra a boca e até um tom amadeirado nos surpreende a cada gole. Perfeito para acompanhar Fondues de queijos e/ou chocolates e se a pedida for uma carne ao molho madeira, harmonizará magicamente ao seu paladar.

Bom, antes de minha avaliação final, devo ressaltar algumas coisas: É uma cerveja forte de 12º G.L., o que é muito alcóolico se comparada a uma breja “normal”. Seu preço é um pouco salgado custando entre R$ 18 a 23 Dilmas uma garrafa de 375ml. É um excelente presente, isso é um fato.  Com um drinkability tão alto e tais qualidades mencionadas,  com certeza vale a pena ser degustada. Porém aqui vai um apelo a cervejaria Wäls por uma edição mais básica (em termos de garrafa e etc) dessa fantástica cerveja, para podermos apreciar com maior frequência a arte que é.

Fotos tiradas durante a análise

Fotos feita durante a análise

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