Editor's Rating
É uma grata (e saborosa) realidade o fato das cervejarias brasileiras estarem nos surpreendendo mais a cada dia. Mas e quando você experimenta uma cerveja e simplesmente fica embasbacado com o que aprecia? Pois é, a surpresa dessa vez foi grande…
Produzida em uma cervejaria independente, esta Standart American Larger puro malte segue a lei de pureza da Bavieira (1516), instituída por Guilherme IV que rogava à cerveja apenas os seguintes ingredientes : Água, Malte de Cevada e Lúpulo. Note que o milho não estava presente… Guilherme entendia dos paranauês da cerveja.
Voltando à Karavelle, ela surpreende no drinkability, que na minha humilde opinião, não deixa nada a dever para as top`s de linha nacionais e internacionais dentro do mesmo estilo.
Pros curiosos que leram o rótulo, vocês podem ter notado algo “diferente” quando viu a lista de ingredientes, os quais são em ordem decrescente: Água, Malte, Lúpulo e Fermento.
Antes de explicar o que esse fermento ta fazendo ai, vou contar um pouco da história cervejeira.
Por muitos anos, bem nos primórdios da bebida (lê-se antigo Egito), a cerveja virava cerveja por milagre divino, e isso se estendeu até o princípio da ciência moderna/contemporânea quando um Químico chamado Louis Pasteur descobriu como o fermento funcionava…O que pro mundo cervejeiro atual é fantástico. E baseado nas pesquisas de Pasteur, não seria errado dizer que todo o processo de fabricação da cerveja de hoje em dia, gira em torno de criar um ambiente propício para a proliferação e ação do fermento. O processo chamado de Pasteurização, sua descoberta mais famosa, tornou possível o armazenamento um pouco mais prolongado da bebida faraônica.
Pra quem trabalha na área, o fermento é conhecido por seu nome científico (Saccharomyces cerevisiae). Proveniente da levedura, este fungo atua “comendo” os carboidratos (açúcares) e assim produzindo o álcool e o CO2. Por conta disso, em alguns países a cerveja tem o apelido de pão líquido.
De volta à nossa análise, ajuda a formar o drinkability, pois, o fermento forma o CO2, e para padrões brasileiros, como o país é de temperatura muito elevada, quanto mais refrescante, melhor!
SABOR: Caso você prefira cervejas mais amargas como o estilo IPA, essa não é a sua cerveja. É uma puro malte, com toques bem sutis de lúpulo, ou seja, quase não é amarga, mesmo no retrogosto que é levemente adocicado, o que aumenta ainda mais o seu Drinkability.
APARÊNCIA: Tendendo para o dourado turvo, sua coloração surpreende por ser diferente das demais pilsners (que por sinal é a mesma coisa que pilsen). Com o colarinho bem denso e muito cremoso, peca apenas no quesito duração que é muito baixo.
AROMA: Digamos que aroma não é o forte desta Standart American larger. Toques sutis de malte, mas muito bem definidos devido a pouca presença de lúpulo, alguns (como eu à primeira vista) podem ter notado algo que se assemelhasse a cereais. Bom, o motivo é que malte é um cereal, que, após germinado, é ressecado. O processo de ressecamento pode variar de cervejaria pra cervejaria ou de fornecedor pra fornecedor. Se assemelha com o torramento do café, que incrementa alguns aromas ao que, de fato, chamamos de café e mais de fato ainda ao que chamamos de cerveja.
SENSAÇÃO: Sua carbonatação é alta, devido também ao fermento em sua formulação, o que a deixa com a sensação de spice (diferente da sua tradução literal, spice é usado pra designar aquela leve sensação de formigamento) um pouco mais prolongada. Retrogosto ,como disse anteriormente, é de um leve dulçor, bem leve mesmo e isso agrada à maioria dos paladares. A Mouth Adhesion (ao pé da letra “adesividade bucal” aquela sensação de arrastamento da cerveja pela sua boca, o que fica levemente grudado na sua língua após beber a cerveja) é muito, muito leve mesmo, mas agrada por termos esta característica neste estilo de cerveja.
Para minha análise pessoal a frase que a define é “Cerveja brasileira de padrão internacional”. De carbonatação alta, bem refrescante e de teor alcoólico de 4,5º G.L.
Acho que chegou a hora de explicar o que é ºG.L. Seguinte, Graus Gay-Lussac, representa a quantidade de álcool em bebidas hidroalcoólicas, sendo esta a notação técnica para bebidas alcoólicas.
º G.L. representa o %volume/volume de bebidas que levam álcool. Assim, 4,5º G.L significa que temos 4,5ml de álcool a cada 100 ml de cerveja.
Para uma pilsner de tamanha qualidade e com um preço que varia de R$ 7,50 a 15 dinheiros, vale muito à pena ser degustada e apreciada!