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Para você que curte dar um belo gole num suco de cevada, venho apresentar, depois de um período de ausência devido a trabalho e a faculdade, FAXE Royal Export, o melhor custo benefício até agora.
Quando se trata de custo benefício, essa American Premium Larger é totalmente fora de padrão, pois, geralmente, quando se é boa é cara, quando se é boa e barata vem pouco e quando se é barata e vem muito quase sempre não agrada tanto. Agora a FAXE não. O motivo eu te digo.
O que essa dinamarquesa nos trás de diferente? Vamos ser sinceros. A lata a primeira vista é o que mais chama atenção. O azul royal (analogia ao nome da cerveja) e a lata absurdamente grande de 1L chamam muita atenção a primeiro modo, o que é bom, pois te faz querer comprar. Seguindo com a lista de ingredientes temos em ordem decrescente de quantidade (como sempre): Água, Malte de Cevada, Cereais não maltados e lúpulo. Antes que puxem as peixeiras pra cortar os pulsos, os cereais não maltados nesse caso é o arroz, o que acarreta em uma coloração mais clara e límpida da bebida faraônica. Reza a lenda que tem aveia também, porém como eu não consegui identificar, mandei para analisar inlab, que também não conseguiu identificar.
Agora explicando, o que é uma Larger? Bom, a história de criação do estilo Larger se mistura com a Ale. Em uma triste época onde a produção de cerveja no verão estava sendo proibida, a solução foi estocar as cervejas em cavernas durante o inverno. Como no inverno a temperatura não é tão propicia para a fermentação, o jeito era usar a fermentação estocada, que no caso era utilizar a levedura produzida por outra leva de cervejas, de fermentação mais alta, e como eles retiravam a tampa do barril de fermentação o processo ocorria através da própria levedura presente no ar atmosférico, chamada de levedura selvagem.
Logo preciso explicar o que é levedura selvagem. Como disse no último post, levedura e fermento são ‘’sinônimos’’. Diferente do que você está pensando, levedura selvagem não é algo que você encontra na selva senegalesa. Quando a levedura presente no ar entra em contato com o açúcar do mosto, começa o processo fermentativo que tende a liberar CO2. Mas relaxa, não é o CO2 da carbonatação final no caso da FAXE. Fica frio e vem com o tio.
Quando liberado esse CO2, começa a formar bolhas pra fora do líquido principal, e daí que o estilo Larger surgiu. Quando essa espuma é formada, os mestres cervejeiros do século XVI(16) recolhiam a mesma, compostas por gigantescos números de leveduras e após isso, era adicionado a barris de cerveja fechados, que eram estocados nos tempos de frio, tornando-o assim uma cerveja mais consistente e coerente com o atual processo, claro que cada qual a seu tempo. Por isso a palavra Larger (que significa armazenagem). Antes que venham me bater, somente as primeiras Ales foram feitas à partir de fermentação selvagem, no mesmo século XVI os avanços estavam assombrosos no mundo químico como explicado no Review da Karavelle pilsen.
Vamos ao tópicos:
SABOR
Não estaria mentindo se falasse que esta FAXE é de um sabor que a maioria já está habituado, porém pelo fato de ser uma levemente maltada de arroz, deixa o drinkabillity alto, pois o amargor fica bem leve. Porém está ali, facilmente percebido no retrogosto, que todo aquele amargor que você tanto espera vem e te surpreende, e posso te falar? É no momento certo meu amigo !
APARÊNCIA
Sua coloração é bem clara e um pouquinho turvada, não como a refrescante Amstel, até por conta do processo de Priming (adição de CO2 pós fermentação) o que talvez a deixa um pouquinho mais turva e não faça aparentar a coloração característica de quando usam arroz em sua formulação, no final é aquele douradinho de praia. Com um colarinho beeeeem cremoso de duração média pra baixa, o que pra mim, é o único ponto fraco.
AROMA
Tá, o aroma tem leves traços de cereais, mas não é nada que interfira negativamente, o cheiro de malte é muito presente. Poderiam ter dado um capricho a mais no lúpulo de aroma? Talvez. O lúpulo de aroma pode, ou não, acarretar em acréscimos de IBU’s (escala internacional de amargor em tradução livre) sim, o que mudaria o resultado final, que nos traria uma cerveja mais amarga, que não é a ideia desse estilo.
SENSAÇÃO
O processo de priming desta cerveja se assemelha muito com os das cervejarias artesanais e o de cerveja de panela (Eu sei, logo vou postar um guia prático de produção de cerveja de panela) que é dar a carbonatação final após a fermentação. O que leva a carbonatação da FAXE ser quase tão alta quanto a da Amstel Pulse, o que é algo altamente impressionante para uma cerveja que vem em uma lata de 1 litro.
Antes de falar minha análise pessoal, vou falar o preço. Em uma média de R$ 12,99 a 22 plaquetas de 1 dependendo da localidade, essa American Premium Larger dinamarquesa, de 5,6 ºG.L. não poderia ter outra frase para a definir se não “o melhor custo benefício até agora” e sim, vale a pena saborear esta maravilha do grupo Royal Unibrew.
Pesquisa e apoio: O recomendadíssimo livro Larousse da Cerveja e meu amigo Lucas Barbosa.