Antigamente conhecida como Havana, a cachaça Anísio Santiago é sem dúvida uma das 3 melhores cachaças do mundo. E sua raridade, aliada a qualidade de fabricação a tão especial. Só para se ter idéia do valor dessa bebida, em Salinas, onde é produzida, a cachaça Anísio Santiago circula como uma moeda de troca. E uma moeda tão valorizada que alguns funcionários recebiam seu salário em garrafas desse valioso destilado.
A história da cachaça Anísio Santiago
Produzida desde 1943, na fazenda Havana pelo folclórico Anísio Santiago, um homem que tinha uma excelente mão para destilar a bebida e uma tão excelente quanto visão para os negócios. Foi o precursor a criar uma marca de cachaça em Salinas e o responsável pelo sucesso do local na produção de água ardente. Com uma noção muito boa sobre as leis de demanda (oferta x procura) reza a lenda que o sr. Anísio limitava a quantidade de garrafas vendidas de acordo com a cara do cliente. Se ele não fosse com a sua cara, de nada adiantava chegar com um caminhão de dinheiro que ele não lhe venderia seu estoque.
A Havana ganhou esse nome pois era produzida na fazendo Havana, mas em 2001, a destilaria cubana que produz o rum Havana processou o Sr. Anísio o proibindo de usar o nome. Indignado, pois além de ser um homem simples ostentava nunca ter tido problemas judiciais, Anísio Santiago arrancou todos os rótulos das cachaças e deu seu nome a elas. Há boatos que isso foi um dos motivos do seu falecimento, em 2002.
Hoje o negócio é tocado pelos seus filhos e netos, que mantém a produção nos moldes do patriarca. Preferem manter a qualidade e a mística sobre a raridade da bebida a aumentar a produção. Hoje são engarrafadas aproximadamente 10 mil garrafas por safra.
Curiosidades
Anísio Santiago não usava dinheiro, tudo que comprava era fazendo escambo com suas cachaças.
No comércio, uma cachaça Havana pode valer até o dobro de uma Anísio Santiago dado o seu valor sentimental e raridade.
O tonel que envelhece a cachaça é feito em bálsamo, uma madeira antes abundante na região de Salinas – mas que hoje, devido à devastação, vem de Rondônia.
Segundo Anísio, “Cachaça é que nem fumo: só presta velha. Antes de um ano e meio não pode vender nem para os filhos”.
A cana utilizada para fabricação da cachaça Anísio Santiago ou Havana é a Java, a pioneira da época da Colonização.
Um dos motivos pela região de Salinas ser tão propícia para a produção de uma boa cachaça são o solo calcário arenoso, clima semi-árido, altitude média de 700 metros
Em meados de 2011, a família de Anísio Santiago conseguiu reaver a marca Havana por meio de setença do Juiz da 8ª. Vara Federal de Belo Horizonte.
Degustamos
É uma bebida que, ao contrários desses destilados baratos que encontramos por ai, não desse rasgando. Seus oito anos de amadurecimento são essenciais para essa experiencia sensorial de sabor e aroma tão característicos, além de uma viscosidade quase oleosa. Na boca não é ácida, mas levemente picante e desce macio, deixando aquela sensação aconchegante.
Uma excelente cachaça que briga frente a frente com os mais caros destilados do mundo. Pena não ter, para nós brasileiros um glamour parecido com o do uísque importado, mas afirmo sem medo de errar, não deve em nada para o que vem de fora.
Onde encontrar
A cachaça Anísio Santiago ou Havana podem ser encontradas nas melhores cachaçarias e casas do ramo. Ela custa em média R$ 250,00 e sem dúvida, vale cada centavo.